ligar o rio tejo ao parque florestal de monsanto, através da exploração da biodiversidade, é uma forma de convidar a ver e conhecer lisboa com um outro olhar. inaugurada em 2 de dezembro de 2010, a rota da biodiversidade associa a divulgação da riqueza natural de lisboa, ao não menos rico património cultural e histórico da cidade, num percurso que liga as duas unidades ambientais
a posição e dimensão expressiva destas unidades é determinante na regulação do clima, na qualidade do ar e na diversidade de habitats que a cidade oferece para a proliferação de vida, sendo a diversidade de biótopos e a riqueza patrimonial apresentados aos visitantes em 18 locais seleccionados (designados pontos de interesse – pi), pela sua localização e valor intrínseco.
fazer este tipo de percursos requer o conhecimento da simbologia de marcação adoptada, a qual se rege pelo regulamento da federação de campismo e montanhismo de portugal. são apenas 4 símbolos, colocados em diversos tipos de suportes naturais e artificiais consoante as características dos locais. em determinados pontos o uso de postes como suporte das marcações revela-se como a única solução, situando-se as mesmas, no mínimo, a 80 centímetros a contar do chão. neste percurso em concreto nem sempre estão imediatamente visíveis, dado que em alguns sítios, por vandalismo ou pelo passar do tempo, algumas marcações são difíceis de descortinar, não comprometendo, por agora, a realização do mesmo.
assim sendo, aproveitando a explosão de vida natural que a primavera proporciona, calcei as sapatilhas e fui percorrer a rota na sua totalidade, no sentido decrescente. vamos conhecê-la?
o jardim vasco da gama, parte do conjunto monumental de belém, é o pi 1 e ponto de partida do percurso. na rua dos jerónimos e frente ao mosteiro encontro o pi 18, viro à direita após o museu da marinha, depois à esquerda e começo a subir para o jardim ducla soares, passando pelas praças ajardinadas de damão e diu no pi 17. viro à direita e subo a escadaria do jardim até chegar à ermida de são jerónimo e ao pi 16. deixo a praça itália para trás e sigo pelo topo norte do estádio do restelo até a av. ilha da madeira, a qual atravesso e, pela rua das terras, alcanço a igreja da memória e o pi 15.
subo a calçada da memória e viro à direita até à calçada da ajuda e estou no pi 14, o imponente palácio nacional da ajuda. viro à esquerda, passo pela torre do galo e subo em direcção ao largo dos marcos, o pi 13, situado no bairro do caramão da ajuda, de onde começo a avistar o arvoredo do parque florestal de monsanto.
deixo a cidade para trás e entro no paraíso verde de lisboa. a primeira paragem é no jardim dos montes claros, o pi 12, um dos 6 que vou visitar neste troço. umas centenas de metros adiante passo pelo pi 11, a pedreira dos cactos, atravesso a estrada do penedo e entro no trail que conduz ao moinho do penedo, o pi 10 e ponto mais alto do percurso (196 m), a partir do qual é sempre a descer. percorro parte da alameda kiel do amaral, onde se localiza o pi 9, e a meio desta viro à direita, mantendo esta direcção até encontrar a pista do muro da tapada, o pi 8. esta decorre paralela ao topo norte da tapada da ajuda, a qual percorro na totalidade até chegar ao pi 7, junto ao edíficio da faculdade de medicina veterinária da universidade técnica de lisboa.
de volta ao alcatrão desço a rua sá nogueira até ao geomonumento do rio seco, o pi 6. pela esquerda subo a pequena calçada ernesto silva, passo sob os prédios e chego à rua do cruzeiro. prossigo até à calçada da tapada, viro à direita na rua pedro calmon e estou no pi 5, o jardim avelar brotero, que atravesso em direcção à rua gil vicente, via que me conduz até à capela do alto de santo amaro, o pi 4.
desço até à antiga fil e a partir deste ponto dou início ao trajecto ribeirinho, bastando para tal transpor a ponte pedonal que faz o atravessamento das avenidas da índia e de brasília, bem como da linha de comboio, a qual identifica o pi 3. pela beira-rio vou até à estação fluvial de belém, o pi 2, onde outra ponte dá acesso ao jardim afonso de albuquerque, pelo qual percorro as últimas centenas de metros até atingir o ponto de partida.
ao longo de um singular percurso de 14 km, observa-se a vegetação típica dos ecossistemas mediterrâneos e atlânticos, representada nas matas, bosques e prados, mas também, a das quintas, olivais, hortas e pomares urbanos, passando pelas espécies exóticas e ornamentais de interesse científico e valor histórico. nas horas mais tranquilas (de manhã bem cedo) a riqueza da fauna completa este cenário, tornando o percurso inesperado e fascinante.
a rota da biodiversidade é um excelente ponto de partida que estimula a curiosidade de descobrir toda a desconhecida diversidade biológica da “mui nobre e sempre leal cidade de lisboa”. atreva-se!
características do percurso – piso: misto (80% alcatrão /20% terra); distância: 14 km; retorno: não (circular); água: sim (em vários pi); estacionamento: fácil; grau de dificuldade (1 a 5): 3,5; coordenadas gps do ponto inicial: n38º 44.201′, w9º 11.999′; altimetria: gráfico abaixo.
nada tirar excepto fotos, nada deixar senão as pegadas, nada matar a não ser o tempo.