Cinco longos anos. Este foi o hiato temporal que marcou a minha ausência de provas de trail. Porém, a altura de uma mudança de cenário, e de voltar a calçar sapatilhas cardadas, chegara.
Analisadas as várias possibilidades (e atendendo a que não queria nada de radical) optei pelo Sintra Magic Mountain Trail, uma prova muito publicitada que deixou bastante gente curiosa (eu incluído). Com três distâncias à escolha (12, 23 e 55 km +/-), inscrevi-me na distância intermédia pois o tempo disponível para a cumprir (6 horas) pareceu-me mais do que suficiente.
Domingo, 29 de Maio, 08h30. Largo do Palácio da Vila. Equipado a rigor (exigências do regulamento) e “descansadinho da Silva” (a falta de empenho treino tem sido notória), iniciei a prova na segunda metade do extenso pelotão que ultrapassou a barreira do milhar de participantes.
Sabendo que tinha pela frente 27 km+ (afinal não foram os 22 km inicialmente anunciados, nem os 26 km posteriormente confirmados!), a táctica escolhida foi caminhar rápido nas subidas e, sempre que possível, correr nas zonas planas e nas descidas. O ritmo era a menor das minhas preocupações, dado só existir um controle de tempo aos 15 km e, para lá chegar, a organização permitia umas generosas 3h30.
Mesmo à medida da prova que me propunha fazer pelos mais belos locais da Serra de Sintra com passagem por alguns dos seus mais emblemáticos monumentos (tal como prometido pela organização).
Enquanto participante no trail só tenho aspectos positivos a apontar. A organização cumpriu o que prometeu, tendo o evento decorrido, em termos organizativos, num nível elevado.
Realizar uma prova na habitualmente lotada vila de Sintra, ainda para mais num domingo de sol e com temperaturas amenas, não é tarefa para amadores. Um evento daquela dimensão requereu uma enorme coordenação entre o promotor, a sociedade gestora dos parques, os voluntários e as forças de segurança presentes no terreno. O resultado foi um conjunto de provas que superaram a expectativa da esmagadora maioria dos participantes, apesar de alguns pormenores a necessitarem de ser revistos em futuras edições. Porém, realisticamente e tudo considerado, os aspectos menos conseguidos não comprometeram a qualidade geral do evento.
O percurso de 27 km pelos locais que fazem de Sintra e da sua serra um dos ex-libris do turismo nacional teve tanto de belo como de difícil. Correr nos jardins da Quinta da Regaleira, do parque do Palácio da Pena, do Chalet da Condessa D´Edla, do Convento dos Capuchos, do Palácio de Monserrate, passar pelo Penedo da Amizade, por si só justificaram o custo de participação na prova.
Com mais de 20 km percorridos por locais e vistas deslumbrantes, a subida à Cruz Alta e ao Castelo dos Mouros completou o espectacular cenário anteriormente desfrutado, em que a beleza da paisagem ajudou a mitigar o cansaço acumulado. Para finalizar foi “só” descer as escadas que atravessam a Vila Sassetti e conduzem ao coração da vila para, finalmente, cruzar a linha de chegada 4h07m após dali ter partido.
O regresso às provas de trail deixou-me cansado… mas muito satisfeito! A ponto de, no dia 19 de Junho, ter nova dose agendada para a Great Douro Vineyard Run que promete ser bem regada…